Daí o apelo "faça com que a doença não tenha pés para
andar". Em comunicado, Teresa Coelho, médica especialista em
paramiloidose do Hospital de Santo António, no Porto, alerta:
"calculamos que existam muitos doentes por diagnosticar ou que demoram
muito até terem um diagnóstico. Doentes sem história familiar da doença
levam em média quatro a cinco anos até serem diagnosticados e alguns só
começam a ser seguidos na consulta especializada quando já apresentam
sintomas de estado avançado, não raras vezes quando já não conseguem
caminhar sem auxílio." Isabel Conceição, médica que dirige a
consulta de paramiloidose no Hospital de Santa Maria, Lisboa, explica no
mesmo comunicado que "embora seja uma doença hereditária, nem sempre é
diagnosticada nas gerações anteriores, contribuindo para que os
portadores sem história familiar desconheçam os sintomas da doença, não
estando assim alertados para os primeiros sintomas da doença o que
condiciona um atraso significativo do diagnóstico. A similaridade de
alguns sintomas típicos da doença com outras doenças mais comuns, pode
fazer tardar um diagnóstico correto, atrasando a instituição atempada de
terapêutica com consequente pior prognóstico." A campanha «Pés
para andar contra a paramiloidose» terá a duração de dois meses e meio e
conta com o apoio dos Laboratórios Pfizer.
Informações sobre a patologia e sobre a campanha em curso estarão disponíveis no site e na página de Facebook.
Sobre a paramiloidose – factos e números
- Polineuropatia Amiloidótica Familiar, PAF, Paramiloidose, ou Doença dos Pezinhos são todos nomes da mesma doença.
- A paramiloidose é causada pela mutação de um gene que pode levar à produção da proteína transtirretina sob uma forma anómala que tende a aglomerar-se e criar estruturas microscópicas chamadas fibrilhas de amilóide. Ao depositarem-se nos tecidos nervosos, conduzem ao declínio irreversível da função neurológica. E quando estas fibrilhas se depositam noutras partes do corpo, como os rins, o coração ou aparelho digestivo, também causam diversos problemas a esses níveis.
- Um portador de paramiloidose tem 50% de probabilidade de ter um descendente sem a herança genética da doença.
- É entre os 30 e os 50 anos que normalmente a doença se revela nos seus portadores
- Estão identificadas no nosso país cerca de 2000 doentes afetados com paramiloidose, de 600 famílias não relacionadas entre si.
- Foi descrita pela primeira vez em 1952, por um médico português – Corino de Andrade, e é reconhecida pela comunidade médica internacional como uma doença originariamente portuguesa. Os primeiros focos da doença foram encontrados em populações do norte litoral.
- Concelhos em Portugal atualmente com maior prevalência: Barcelos, Braga, Cartaxo, Covilhã, Esposende, Figueira da Foz, Lisboa, Matosinhos, Póvoa de Varzim, Seia, Vila do Conde.
- Estima-se que existam no mundo 8000 – 10000 pessoas com paramiloidose.
- Estão identificados doentes em 20 países.
- Principais regiões endémicas a nível mundial: Portugal, Suécia, Japão.
Fonte: http://www.vitalhealth.pt/noticias/1766-campanha-contra-a-paramiloidose-alerta-para-diagnostico-lento