Até 22% das Crianças Europeias têm uma Alergia
"Com este novo documento, a EAACI pretende fornecer, à comunidade
científica e da área da saúde, recomendações baseadas na evidência
científica sobre o reconhecimento, avaliação e tratamento dos doentes
que apresentaram, apresentam ou estão em risco de apresentar um quadro
de anafilaxia" sublinha Nikolaos G. Papadopoulos, Presidente da EAACI,
citado em comunicado.
"A anafilaxia, que passou a ser de notificação obrigatória em
Portugal em 2012, é ainda mal diagnosticada e subtratada entre nós
colocando em risco 0,5 a 1,5% da população portuguesa, sendo que, abaixo
dos 18 anos, os alimentos são a sua principal causa", refere em
comunicado Luís Delgado, presidente da SPAIC.
"O Catálogo Português de Alergias e outras Reações Adversas (CPARA),
desenvolvido com a colaboração de membros da SPAIC, permite registar e
partilhar informação destas reações em todo o sistema de saúde
Português. Este é um tema da maior atualidade, que será abordado
sexta-feira, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, num
curso de Alergia Alimentar organizado com a Faculdade de Ciências da
Nutrição da UP e o Hospital S. João, com o patrocínio científico da
SPAIC", acrescenta o representante da SPAIC.
Alergia alimentar: 17 milhões na Europa
A anafilaxia é uma reação alérgica grave generalizada, ou sistémica,
que é potencialmente fatal. É caracterizada pelo rápido início de
dificuldade respiratória e/ou circulatória, geralmente associada a
manifestações da pele (urticária) e/ou das mucosas (edema). De acordo com uma publicação da EAACI, mais de 17 milhões de pessoas
sofrem de alergias alimentares na Europa, e uma em cada quatro crianças
Europeias em idade escolar vivem com problemas alérgicos. Além do mais,
as reações alérgicas graves potencialmente fatais (anafilaxia)
provocadas por alergia alimentar estão a crescer na população mais
jovem. Apesar de consideravelmente subdiagnosticada, os dados
epidemiológicos mostram uma incidência de anafilaxia na Europa entre 1.5
a 8 por 100,000 pessoas/ano, com um aumento dos casos de anafilaxia nos
últimos 20 anos2. A prevalência de anafilaxia na Europa está estimada
em 0.3% e considera-se que a sua morbilidade está subestimada. Este é precisamente um dos pontos que o novo guia de atuação da EAACI
pretende sublinhar. Este problema é mais comum do que os estudos
epidemiológicos parecem mostrar, entre outras razões porque tem um
início agudo e inesperado, pode variar em gravidade e pode curar
espontaneamente. A anafilaxia é uma emergência clínica, pelo que todos
os profissionais de saúde devem estar familiarizados com o seu
reconhecimento e tratamento, quer na fase aguda quer na fase
persistente.
Importância do reconhecimento pelos doentes
Alimentos, medicamentos e picadas de insetos são as três causas mais
prevalentes de anafilaxia. Enquanto os alimentos são a causa mais comum
nas crianças, medicamentos e venenos de himenópteros (abelha/vespa) são a
causa da maior parte de reações anafiláticas nos adultos, com maior
frequência nas mulheres que nos homens. O primeiro tratamento é a adrenalina intramuscular, enquanto que o
posicionamento correto, soros intravenosos e a inalação de
broncodilatadores de curta-ação são as medidas adicionais. A prevenção
do risco de novos episódios requer a prescrição de um auto-injetor de
adrenalina, de modo ao doente controlar novos episódios quando em
contacto inevitável com o fator causal (alimentos, látex, insetos,
exercício, etc.). A EAACI e a SPAIC recomendam a todos os doentes consultar um
Imunoalergologista, de modo a obter informação sobre a melhor estratégia
para evitar os fatores precipitantes e minimizar o risco de novos
episódios. Se a causa for alimentar, é também recomendado um
nutricionista. O início súbito e os efeitos potencialmente fatais são fatores que
levam os autores do guia de atuação a recomendar melhorar o
reconhecimento pelos doentes e seus familiares. "É preciso dar maior
atenção a estratégias para prevenir um episódio de anafilaxia, para
reconhecer os sinais e sintomas de aviso, e para decidir quando e como
os medicamentos devem ser ministrados, incluindo a adrenalina auto
injetável", refere em comunicado Antonella Muraro, secretária-geral da
EAACI e coordenadora do comité organizador do guia de atuação.