A importância da adesão ao tratamento nos doentes com Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono

A Importância da Adesão ao Tratamento nos Doentes com Síndrome de Apneia Obstrutiva do SonoA Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma condição clínica que se caracteriza pela repetição de episódios de obstrução da via aérea superiores durante o sono provocando frequentemente dessaturação de oxigénio.

Na grande maioria das vezes, não são suficientes para despertar a pessoa mas o padrão de sono acaba por se alterar, passando de um estado mais profundo para um estado mais leve.
A SAOS é um distúrbio muito prevalente que afeta entre 2 a 4% da população adulta e tem importantes repercussões na saúde e na qualidade de vida. Esta doença representa elevados custos indiretos para a saúde, decorrentes de co morbilidades importantes e da diminuição do desempenho profissional.

Apesar da sua cronicidade e morbilidade esta doença é tratável com ventilação por pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) sendo que a adesão ao tratamento a longo prazo é fundamental para a sua eficácia.

A adesão ao tratamento tem reflexos não só do ponto de vista clínico mas também económico, uma vez que os custos do seu tratamento, nos doentes do Sistema Nacional de Saúde (SNS) que são a maioria, são integralmente suportados pelo próprio SNS. Em 2010, estima-se um custo total acima dos 55 milhões de euros com tratamento respiratório domiciliário, sendo a maioria correspondente a doentes de SAOS com este tipo de tratamento.

A abordagem ao doente é um fator determinante para a adesão ao tratamento que será tanto maior quanto o reforço na explicação da doença bem como na modalidade de tratamento, desde a primeira consulta até à alta do doente. A informação relativamente à doença e ao tratamento é essencial, especialmente numa situação como a SAS, onde as manifestações diretas da doença (as apneias durante o sono) não são, usualmente, percebidas pelos doentes. Neste contexto uma adesão a longo prazo é essencial para o tratamento eficaz desta patologia.

Uma adesão verificada num estudo efetuado em 2012 de 84,5% de adesão ao fim de 7 anos em média de tratamento após alta do serviço prescritor mostrou que são possíveis elevadas taxas de adesão ao tratamento com CPAP (pressão positiva contínua em vias aéreas) em doentes com esta patologia, o que traduz um elevado grau de autonomia por parte dos doentes deste estudo.

Embora os médicos de família possam fazer prescrições de continuidade, o acompanhamento por parte do prescritor é também muito eficaz quando se trata de garantir a adesão ao tratamento.

Maria Goreti Lopes, Técnica de Cardiopneumologia no Serviço de Pneumologia B do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – Hospital Geral e Mestre em Gestão e Economia da Saúde (*Tema de trabalho vencedor do 2º lugar do Prémio Praxair-SPP).

Fonte: http://www.vitalhealth.pt/opiniao/3152-a-importancia-da-adesao-ao-tratamento-nos-doentes-com-sindrome-de-apneia-obstrutiva-do-sono